quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

[Boletim] A equação do peleguismo em Maceió

CAMINHOS E DESCAMINHOS:
a equação do peleguismo em Maceió


A Câmera de Vereadores de Maceió terá em 2009 dois pretensos “mandatos populares”. Ao menos é assim que, por vezes, se tem propagado a eleição de Heloisa Helena e Ricardo Barbosa, ambos do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

A votação de HH foi sem dúvida arrebatadora, a maior da história de Maceió, quase o dobro da do segundo lugar. Isso garantiu de quebra, por conta do coeficiente eleitoral, levar Ricardo Barbosa com apenas 450 votos.

Da parte de HH foram feitas criticas públicas após o resultado, a respeito do critério de coeficiente eleitoral que garantiu ao PSOL mais um assento, mesmo tendo seu segundo uma baixíssima votação. A serventia é dupla. Pelo lado pessoal (de Heloísa), mantém a sua áurea de “coerente” frente à “opinião pública”. E pelo lado partidário, no fim das contas o que é será. Ou seja, missão cumprida: elege-se um e leva outro.

A expressiva votação de HH tem relação com determinada credibilidade que a mesma construiu em seus oito anos de senado. É a política que guarda em si uma áurea de “ética” e de que, em cargo legislativo, é uma boa pedida para brigar com os “corruptos” lá dentro. Seria esse o ideário que permeou boa parte daqueles que depositaram sua confiança na principal figura pública do PSOL, que dizia em sua campanha recomeçar “humildemente” como vereadora.

É claro que não se tratava de humildade, e sim de estratégia política do PSOL. Essa, é a inserção no jogo político institucional ocupando cargos parlamentares que viram a fonte de energia e marco estruturador de toda a sua vida partidária. Nada novo. A tática, pois, foi pôr HH como “humilde” vereadora na intenção de garantir, no mínimo, um. Com dois, melhor não poderia ter sido.

Até 2010, pois para os partidos das eleições burguesas contam-se os anos de dois em dois, muitas águas vão rolar, jogo de forças internas e vaidades e projetos pessoais também. Para quem não enxerga um palmo além de uma eleição e seus acordos tácitos e formais, para quem não vê nada além do que gira ao seu redor e, sobretudo, para quem não pensa em estratégia de ruptura em longo prazo a trajetória não pode ser outra senão a que toda a história já nos ensinou, inclusive, a recente do PT.

Os anarquistas de matriz especifista têm colocado que da velha fórmula de pragmatismo político, mais participação eleitoral e construção de partido de massa, não pode ter outro resultado que não reformismo e traição de classe. Nada além disso tem sido gerado historicamente por esta equação política e para os trabalhadores não tem ficado outra coisa senão seu desarme político-ideológico desde as suas bases.

Para nós, anarquistas do CAZP, a militância não é meio de vida nem forma de ascensão social. Ao contrário disso, a política eleitoral não oferece outra coisa. Malatesta não se enganou quando dizia que a medida que os socialistas se fortalecem nas lutas parlamentares, é a medida em que eles deixam de lado as idéias socialistas de radical transformação social.

Ora, vejamos sob que quadro político-parlamentar irá atuar os dois candidatos do PSOL. A composição da Câmera de Vereadores, além dos de famílias mais tradicionais, têm o que foi eleito mesmo estando preso, os que se garantem por seus projetos sociais auto-promocionais e financiados com dinheiro público, têm pastor, têm as que por bem ou por mal se valeram da condição de portadoras de necessidades especiais e, como já de praxe, têm a representação oriunda de programas policiais.

Não é para fazer caricatura ou folclore, muito embora seja difícil se esquivar disso com esse quadro. Mas, perguntamos: o que os “socialistas parlamentares” poderão fazer? O reeleito Cícero Almeida (PP), potencial candidato ao governo do Estado, está com quase toda a bancada. Mas de onde veio o sucesso eleitoral do PSOL? Base social organizada? Busca de novas alternativas? Nada disso, apenas um fenômeno de personificação “ética” e, pior, sem lastro na luta popular.

Quem quiser que acredite em “mandato popular” e oportunidades para os de baixo. Não somos profetas, nem tão poucos ilusionistas. Somos anarquistas e buscamos fincar raízes pela luta popular de longo prazo. A gente se encontra na rua.

BOLETIM CAZP - DEZ/08

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