sábado, 12 de dezembro de 2009

[BOLETIM CAZP] dez-09 (textos)

BOLETIM CAZP – dez/09

PELO RESGATE DE UM SINDICALISMO MILITANTE
é na luta que se constrói Poder Popular

Situação atual

Ultimamente temos visto um movimento sindical bem menos participativo do que já foi um dia. As direções sindicais, em sua grande maioria, burocratizadas e institucionalizadas, vêem a participação da base se esvair. Logicamente que a culpa não é somente do movimento sindical, vivemos num mundo cada vez mais individualista, onde a competição se sobrepõe à solidariedade, mas os erros cometidos na trajetória recente do movimento dos trabalhadores têm que ser apontados na perspectiva de buscar sua superação.

No começo da década de 80, com o enfraquecimento da linha dura da ditadura, tivemos grandes mobilizações tanto no movimento sindical, como em diversos outros movimentos sociais. Houve o nascimento da CUT, baseada em alguns princípios que favoreciam um movimento forte e construído pela base. Com o passar dos anos, houve um engessamento desta Central, com o crescimento de posições conservadoras e menos questionadoras. A proximidade com a política parlamentar e a disputa de cargos no Estado por militantes sindicais, cujo partido hegemônico na central optou por essa linha política, implicou numa flexibilização cada vez maior no programa original. Decisões importantes eram cada vez mais articuladas pelas cúpulas em detrimento da base.

Hoje, alguns sindicatos e centrais têm estruturas enormes, com diversos recursos materiais, mas precisam pagar pessoas para carregar bandeiras em suas manifestações. Os trabalhadores escolhem seus representantes, mas não participam das decisões quotidianas de seu sindicato.

Existem tentativas de se organizar o movimento sindical hoje, algumas com muito discurso, mas tropeçando em erros cuja trajetória apontará para os mesmos problemas que já enfrentamos. Outras não fazem questão de mudar nada, mas apenas garantir sua fatia de influência política ou estão meramente interessadas no imposto sindical, que atrela o movimento ao Estado e compromete a sua capacidade de pressão.

Movimento de verdade se faz pela base

Se nos é colocada a possibilidade de recomeçar, uma coisa tem que prioritariamente estar clara: não devemos cometer os mesmos erros. Para nós, anarquistas, o sindicato é instrumento da classe trabalhadora. Esse instrumento serve para articular lutas imediatas, mas balizadas pela mudança necessária e radical do paradigma de sociedade em que vivemos.

Numa conjuntura propícia os movimentos sociais (incluindo os sindicatos) seriam espaços nos quais se organizaria o povo na transformação social de nossa sociedade. No momento atual, o sindicato tem que ser reflexo das lutas da classe trabalhadora, que devem emanar do local de trabalho. A ação direta, a solidariedade de classe e a autogestão formam lutadores. E mais importante que obter conquistas imediatas é o despertar da consciência de que foi através do esforço coletivo, sem intermédios, que determinada vitória fosse possível.

Essa construção não deverá ser nada fácil, mas temos a convicção que esse é o único caminho efetivo que levará a reorganização dos trabalhadores numa perspectiva libertadora. No começo podemos contar com poucas pessoas interessadas, já que a maioria muitas vezes está cansada de tanta ilusão e alienada ideologicamente por nossa sociedade de consumo. A luta é grande, mas é imprescindível que comece pelo local de trabalho. É nesse espaço que nos vemos como trabalhadores, que sentimos na pele nossos problemas e que devemos traçar estratégias para nossa luta. A política do sindicato tem que ser conseqüência do conjunto de mobilizações nesses espaços que funcionam impulsionados pela lógica da democracia direta.

Denominamos como sindicalismo revolucionário essa lógica de se organizar: participativa, radicalmente questionadora e impulsionada por uma necessidade de mudança geral da sociedade. O sindicato deve ser aberto ao conjunto da classe trabalhadora que o representa, independentemente de sua opção ideológica. No seu interior as disputas devem acontecer, desde que impulsionadas pela construção da luta e não pelo desejo de aparelhamento por parte de organizações políticas. Os sindicatos não podem ser reflexos da política de partidos.

O aparelhamento de sindicatos é um dos principais responsáveis pela crise vivida hoje, que pode ser combatida com a participação crescente da base. Não esperemos que a maioria esteja mobilizada para começarmos. A maioria se fará na medida em que nossa luta for efetiva, mas os espaços têm que ser abertos e agregadores.

Sindicalismo que constrói Poder Popular

A prática do sindicalismo revolucionário faz parte de um projeto maior. A construção do Poder Popular. O empoderamento do povo permite um questionamento do sistema e nos faz forte frente ao Capital. A organização pelos locais de trabalho, de moradia e de estudo nos permite fazer frente aos governos e patrões. Construir a saída dos problemas que nos afligem nos faz ver os limites do sistema e fará despertar a consciência de que nossas necessidades somente serão atingidas de forma plena em outro paradigma de sociedade.

Mas pra que de fato o sindicalismo possa contribuir na construção do Poder Popular é preciso também resgatar valores e práticas esquecidas. Fazer um sindicalismo que se volta a sua base, mas que também costura luta e solidariedade com outros movimentos, sem, inclusive, se achar dotado de maior importância. Um sindicalismo que também busca identificação na comunidade a qual se insere, indo até mesmo além de suas pautas trabalhistas.

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O sindicalismo revolucionário no início do século XX

No começo do século XX o Brasil, assim como outros cantos do mundo (principalmente Europa, EUA e América Latina), vivia momento de grande agitação e mobilização. Era a época que na maior parte desses lugares haviam uma influência importante, quando não majoritária, do sindicalismo revolucionário. Trabalhadores com extensas cargas horárias de trabalho (podia chegar até 15h diárias) conseguiam se mobilizar e participavam ativamente do dia a dia do sindicato, que muitas vezes era encarado como sua segunda casa. As lutas eram mais massivas e emanavam das decisões da base, tudo balizado por um projeto bastante claro de ruptura social. Por mais que as reivindicações fossem imediatas estava claro para os trabalhadores a necessidade de mudanças radicais que viesse superar o capitalismo.

No Brasil vivíamos a época da Confederação Operária Brasileira (COB), que organizou várias greves (entre elas a primeira greve geral, de 1917). Responsáveis pela conquista em vários locais de melhorias salariais, redução de jornada, combate ao trabalho infantil. Movimentos radicalizados em todo Brasil, que muito colaborou com a conquista de vários direitos trabalhistas que gozamos ainda hoje. Sem intermédio de políticos e sem a participação no parlamento.

Em Alagoas tivemos a Federação Operária Alagoana, filiada a COB. Teve importante participação nas lutas dos trabalhadores de nosso estado. Destaque para o ano de 1913, com intensas greves, organizada pelos trabalhadores da indústria têxtil, alfaiates, sapateiros, trapicheiros, estivadores, carroceiros e outros. Destaque para a greve nas industrias têxteis da companhia Progresso e Cachoeira, que teve intensa participação da Federação e conseguiu arrancar diversas concessões da patronal.

Personagem histórico: Antônio Canellas

Um importante militante do sindicalismo revolucionário brasileiro foi o anarquista Antônio Canellas. Carioca de nascença, mas que, vindo do Recife, militou ativamente no movimento dos trabalhadores em Alagoas. Autodidata, editou em terras alagoanas o jornal “A Semana Social”. Perseguido pela repressão, teve que fugir, voltando para o Rio de Janeiro, onde continuou sua militância no movimento operário.

Antônio Canellas também foi um dos que terminou formando o PCB, sendo o primeiro militante brasileiro a ir à Rússia pós revolução para participar da III Internacional Comunista. Lá cometeu o “crime” de discordar dos Bolcheviques, na ocasião representados na figura de Trotsky. Seu espírito libertário não havia sido apagado e ele não pode concordar com as orientações monopolíticas e teóricas a ser seguido pelos PC´s mundo a fora. Resultado: foi, orgulhosamente, o primeiro militante expulso do então PC brasileiro.

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TODA SOLIDARIEDADE À FAG

Na tarde do dia 29 de Outubro a Federação Anarquista Gaúcha (FAG) teve a sua sede, localizada no centro de Porto Alegre, batida pela polícia civil. Munidos de um mandato de busca e apreensão de materiais referentes às denúncias da responsabilidade pelo assassinato do sem-terra Eltom Brum e corrupção junto a venda do Rio Grande do Sul ao Banco Mundial que a FAG vinha deflagrando contra a atual governadora gaúcha, Yeda Crusius (PSDB), os policiais levaram não só CPUs, backups e cartazes associados ao motivo da queixa, bem como atas e outros documentos políticos da organização. Outro mandato foi ainda direcionado para a residência de um companheiro na cidade de Gravataí onde materiais semelhantes foram apreendidos.

O inquérito da Polícia Civil gaúcha terminou por indiciar oito militantes da FAG por crime contra a honra, incitação ao crime e formação de quadrilha ou bando. É notório que trata-se de repressão política tentando calar a voz de um importante setor da esquerda gaúcha que vem atuando na campanha “Fora Yeda!” deste estado com independência de classe.

O Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares mostrar-se solidário à Federação Anarquista Gaúcha (FAG). Demonstramos nosso repúdio à atual representação do governo do Rio Grande do Sul, em nome de Yeda Crusuis, a mandante da ação. Não nos mostraremos intimidados diante de qualquer crime covarde de perseguição e repressão vindo de poderosos corruptos aliados ao Banco Mundial! Banco Mundial que aqui em nossas terras também tem dado as diretrizes políticas para o governo de Téo Filho, também do PSDB. Os projetos do capital transcendem as fronteiras, assim como nossa luta e solidariedade.

SOMOS TODOS ELTOM BRUM!
FORA YEDA!
NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA!

cazp@riseup.net

sábado, 21 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

[FAG] Crônica sobre o ataque sofrido

PROTESTO NÃO É CRIME, NENHUM PASSO ATRÁS

Crônica do ataque policial-estatal sofrido pela FAG
Sábado 31 de outubro de 2009, Porto Alegre – RS, Brasil

A Federação Anarquista Gaúcha (FAG) agradece fraternalmente a solidariedade que está sendo manifestada e reafirma seus princípios frente ao ocorrido no dia 29 de Outubro, em Porto Alegre. Homens e mulheres livres, dotados de ideais e certos do direito que tem de expressá-los política e socialmente seguem íntegros.

Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.

Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.

Conforme comunicado pelos agentes da Polícia Civil o processo está embasado na queixa de injúria, calúnia e difamação contra a FAG movido pela governadora Yeda Crusius (PSDB) referente ao termo “assassina” publicado em panfletos, cartazes e página web. Também foram apreendidos outros documentos não relacionados ao fato, assim como uma coleção de discos de arquivo de backup e do próprio CPU. Perguntavam por armas e drogas, numa tentativa clara de nos criminalizar assim como sobre quem toma as decisões, quem são os responsáveis, como funciona a FAG, se tem registro jurídico formal enquanto associação ou entidade. Buscavam também, com um segundo mandado semelhante o endereço e o responsável pela página do site da internet, havendo uma ameaça clara de cerceamento da liberdade de expressão também neste veículo assim como da tentativa de criminalização do seu responsável técnico, o qual não foi localizado. O responsável pelo endereço físico do portal foi levado à 17ª delegacia e apreendido neste local – em Gravataí (Região Metropolitana de Porto Alegre) também o CPU do seu computador, um palm-top de uso pessoal e arquivos de documentos antigos da FAG, que permaneceram lá guardados ao longo dos anos, como cartazes, revistas e informativos diversos.

No total, a repressão política impetrada pela governadora terminou identificando e levando para interrogatório a quatro pessoas. As oitivas se deram na 17ª delegacia de Polícia Civil em Porto Alegre, agora seguindo o inquérito, possível indiciamento e posterior processo judicial contra os indivíduos identificados e responsabilizados pela referida campanha pública de difusão de opinião, em nome da FAG, sobre o assassinato de um companheiro do MST na fazenda Southall em São Gabriel (Fronteira Oeste), ocorrido em 21 de agosto deste ano. Reiteramos porém que não apenas os ditos materias ofensivos foram apreendidos, mas vários arquivos de textos e discos, documentos políticos, atas de encontros e reuniões, inclusive objetos já descartados caracterizados como lixo e também que a ameaça de exclusão do site vermelhoenegro.org está clara. Assim, alertamos a todas as companheiras e companheiros, incluindo aqueles que se solidarizam conosco, cientes do motivo caso sejamos excluídos, ou melhor, censurados, em nossa página na internet.

O episódio do assassinato do sem-terra Eltom Brum da Silva, a luta de idéias, a propaganda e agitação produzidas pela FAG sobre os fatos motivaram a queixa de injúria, calúnia e difamação que resultaram em busca e apreensão do material difundido na semana seguinte ao dia 21 de Agosto de 2009. Em São Gabriel, no sul do país, o colono Sem Terra foi covardemente morto com um tiro de calibre 12 pelas costas, havendo inclusive relatos discordantes quanto ao responsável direto pela morte. Este fato é fundamental, já que uma pergunta que fazemos é: independente da patente daquele que segurava a arma com munição letal e da sua intenção ou dolo, não são os governantes os responsáveis pelas polícias e demais instituições do Estado?

No topo da cadeia hierárquica são os governadores dos estados brasileiros os chefes máximos das polícias estaduais (Civil e Militar), portanto é a governadora Yeda Crusius no Rio Grande do Sul, assim como seria em qualquer outro estado do país, a responsável direta por qualquer ato de seus comandados diretos. Mas há ainda outras considerações importantes. As políticas públicas implementadas pelos governos são também responsabilidade de quem as define e executa, mais uma vez representado no seu chefe, o governador. Não somente a fato do assassinato de um Sem Terra em 2009, caracterizado pela própria mídia tradicional como político, mas também as conseqüências das políticas para a educação e saúde públicas, da criminalização da pobreza nas periferias urbanas e no campo, assim como sobre os movimentos sociais e sindicatos são bandeiras legítimas que vários setores do povo organizado vêm levantando a mais de ano contra este governo. Não há casos isolados, mas um endurecimento dos dispositivos de criminalização e repressão brutal a todos estes setores, como por exemplo, na greve dos bancários e dos professores estaduais em 2008 e a tentativa de criminalização da oposição dos servidores públicos liderada pelo CPERS-sindicato, de longa trajetória de lutas. Não podemos tampouco omitir o processo político deflagrado junto ao Ministério Público estadual contra o MST, uma conspiração de Estado, também com o firme propósito de criminalizá-lo.

Outro agravante deste governo são os efeitos a curto, médio e longo prazo do empréstimo com o Banco Mundial, por exemplo, a tentativa de venda da Pampa para os interesses das papeleiras, a prevalência do agronegócio sobre a agricultura familiar e o financiamento direto e indireto dos grupos e corporações nacionais e multinacionais. Enfim, se aplica o plano estratégico neoliberal para o RS publicamente conhecido na agenda 2020 e estas metas são responsabilidades de todos os que compõem o governo com funções políticas (1º, 2º e 3º escalão) e principalmente da governadora Yeda Crusius, evidente defensora do seu projeto de governo, ou melhor, do projeto das elites que a sustentam e dos interesses que estas representam.

Não ignoramos o papel das classes dominantes como agentes decisivos na política e da sua influência no jogo de interesses que caracterizam os governos de turno do estado do RS. Aqui estão presentes os interesses dos latifundiários e do agronegócio e toda sua cadeia depredatória, como a indústria da celulose, o deserto verde, a exploração das reservas de água, a tentativa de criminalização do MST, o fechamento das escolas itinerantes dos acampamentos, etc.. . Também estão em jogo os interesses daqueles que vivem do roubo sistemático contra o povo, da corrupção institucionalizada, da banca estelionatária e criminosa, da velha ordem de tirar vantagem, de desprezar o povo e fundamentalmente seus direitos e sua capacidade de rebelar-se. São inúmeras as denúncias e evidências de corrupção escandalosa assim como foram muitas as tentativas de desqualificar e impedir os sindicatos, as categorias e movimentos sociais de manifestarem seu repúdio, sua opinião.

A política de retirada de direitos dos trabalhadores, muitos deles conquistados orgulhosamente com muito combate desde os sindicatos de resistência há mais de cem anos, não é exclusividade do governo Lula. Aqui no RS o governo Yeda Crusius tomou e vem tomando várias medidas de cerceamento, repressão e criminalização contra os professores estaduais e seu o sindicato (CPERS), assim como de seus dirigentes. As escolas públicas estaduais passaram a ser um negócio entre o governo e organizações privadas, as fundações educacionais, verdadeiras cloacas de dinheiro público com sua lógica de gestão e seus interesses, onde quem ganha são os de sempre e quem perde é o povo. As conquistas de décadas de lutas das categorias dos trabalhadores da educação vêm sendo combatidas arduamente pela atual política para a educação no governo estadual, antes também personificado na figura de Mariza Abreu, ex-secretária de educação, logo também responsável pelas conseqüências do projeto que defende.

O CPERS junto a vários outros sindicatos dos serviços públicos estaduais organizados no Fórum dos Servidores e com diversos setores dos movimentos populares, sindical e estudantil vem denunciando e posicionando-se contrários publicamente a essas políticas e suas conseqüências. A campanha, chamada “Fora Yeda”, na qual somamos esforços, é onde está contextualizada a luta de propaganda e agitação que motiva o processo contra a FAG.

Queremos registrar a solidariedade que foi manifestada prontamente por vários companheiros, entidades, sindicatos, veículos de comunicação alternativos, da comissão de direitos humanos do MST, do Cpers-sindicato na presença de sua presidente e vice já em nossa sede durante a operação policial, assim como da disponibilização das assessorias jurídicas deste e de outros sindicatos. Temos a solidariedade como um princípio e estamos enaltecidos com tantas manifestações que recebemos e certamente seguiremos recebendo de tantos estimados companheiros, como as já manifestadas pela Confederação Geral do Trabalho (CGT-Espanha) e nossa co-irmã, a Federação Anarquista Uruguaia (FAU).

Nos exemplos de Sacco e Vanzetti reafirmamos que a natureza criminal das classes dominantes, suas elites dirigentes, do sistema capitalista seguirá colidindo com o antagonismo e a vigência de nossas lutas, de nossos princípios e acima de tudo do direito a liberdade pelo qual seguiremos peleando. Com um olhar firme no horizonte libertário que buscamos, com a dignidade de combatentes e a solidariedade com as classes oprimidas, aos povos que lutam, suas ânsias por construir desde o presente caminhos rumo a uma nova sociedade, nenhum passo atrás é a palavra de ordem.

Que a ofensa feita a um seja a luta de todos!
Pelo socialismo e pela liberdade,
Não tá morto quem peleia!

Federação Anarquista Gaúcha
Contato: fag.solidariedade@gmail.com

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Solidariedade a FAG!!

TODA A SOLIDARIEDADE PARA COM A FAG! ANTES A REPRESSÃO FOI CONTRA O SEM TERRA ELTOM, HOJE É NA SEDE DA FAG, AMANHÃ QUEM SERÁ???

A REPRESSÃO DO GOVERNO YEDA FOI ALÉM DO ESPERADO. DOIS COMPAS FORAM PROCESSADOS E RESPONDERÃO A UM PROCESSO DE PARTE DE UM GOVERNO ACUSADO DE DEZENAS DE CRIMES, E ALVO DE INVESTIGAÇÕES FEDERAIS EM SEQÜÊNCIA. ATÉ A REPRESSÃO DO ESTADO LIBERAL-BURGUÊS VÊ A ESTA GESTÃO COMO SUSPEITÍSSIMA. YEDA ALEGA INVESTIGAR UMA PROPAGANDA CONTRA A SUA HONRA PESSOAL, MAS NA VERDADE, QUER É DEFENDER A SUA GESTÃO ENTREGUISTA, LACAIA, REPRESSORA, ANTI-POVO E CORRUPTA!



A POLÍCIA CIVIL DO RS LEMBROU SEUS TEMPOS DE DOPS (DOS QUAIS NUNCA ESQUECEU!) E, APREENDEU DOCUMENTOS INTERNOS DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA, INCLUINDO OBJETOS DE USO PESSOAL. INTIMOU TAMBÉM AQUELES QUE MESMO OFERECENDO APENAS A SUA SOLIDARIEDADE – OU PRESTANDO SERVIÇO COMO TRABALHADOR AUTÔNOMO - CONSTAVAM DE REGISTROS DA PÁGINA DE INTERNET DA ORGANIZAÇÃO. NÃO BASTASSE A APREENSÃO DA CPU E DO BACK UP DO COMPUTADOR, LEVARAM DOCUMENTOS INTERNOS (COMO ATAS DE REUNIÕES, DOCUMENTOS DE DEBATES), MATERIAL DE PROPAGANDA PÚBLICO E ATÉ OS RESÍDUOS QUE ESTAVAM NA LIXEIRA DA SEDE. COMO ERA DE ESPERAR, OS ANARQUISTAS SE PORTARAM À ALTURA DE SEU DESAFIO E ENCARARAM COM SOBRIEDADE E FIRMEZA TODA A INTIMIDAÇÃO POLICIAL.

IMEDIATAMENTE A SOLIDARIEDADE DE CLASSE SE FEZ NOTAR, REPERCUTINDO NO RIO GRANDE DO SUL, POR TODO O BRASIL, NA AMÉRICA LATINA E, A PARTIR DA ESPANHA, POR ORGANIZAÇÕES ANARQUISTAS E MOVIMENTOS POPULARES DE TODO O MUNDO. EM BREVE VAMOS AGRADECER A TODAS E TODOS QUE SE MOVERAM PARA DEFENDER ESTA AGUERRIDA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA NASCIDA EM 18 DE NOVEMBRO DE 1995 E QUE VEM CUMPRINDO COM SEU DEVER PERANTE NOSSA CLASSE E POVO NOS 365 DIAS DO ANO!

PARA LOGO TAMBÉM ESTAREMOS SOLTANDO UMA LARGA CRÔNICA, DETALHANDO O OCORRIDO E CONTEXTUALIZANDO O GOVERNO NEOLIBERAL DE YEDA E CARLOS CRUSIUS, LAIR FERST, RUBENS BORDINI, DO FINADO MARCELO CAVALCANTE (AFINAL, QUEM O MATOU?!), DO CORONEL MENDES, DE CHICO FRAGA, MARCOS RONCHETTI, WALNA VILLARINS MENEZES, AOD CUNHA, ARIOSTO CULAU, FERNANDO LEMOS, FERNANDO SCHILLER E OUTRAS TANTAS E TANTOS PERSONAGENS SINISTROS DA RECENTE HISTÓRIA POLÍTICA DO RS. ESTA É A “NOVA GERAÇÃO” DE ARENISTAS DO PAGO, AGORA REMODELADOS COMO NEOLIBERAIS E SOB A SIGLA DO PSDB DE FERNANDO HENRIQUE E CIA. É ÓBVIO QUE NÃO SÃO APENAS OS OPERADORES DA POLÍTICA OS RESPONSÁVEIS PELA DOMINAÇÃO ESTRUTURAL E PELA OPRESSÃO NA SOCIEDADE. MAS, NESTE MOMENTO, NO RIO GRANDE, ESSA LAIA É REPRESENTANTE DIRETA DE INTERESSES DO GOVERNO CENTRAL (COMANDADO POR LULA E HENRIQUE MEIRELLES), FAZENDO CORO COM O LATIFÚNDIO (SOB O NOME DE AGRO-NEGÓCIO), COM O DESERTO VERDE (APELIDADO DE REFLORESTAMENTO), DAS PRIVATIZAÇÕES (CHAMADAS DE PPPs), E DO PIOR DE TUDO: A SOMA EXPLOSIVA DE REPRESSÃO POLÍTICA, CORRUPÇÃO DE GOVERNO E ENTREGUISMO.

É PRECISO DERRUBAR ESSA CORJA E ROMPER O CONTRATO DE EMPRÉSTIMO COM O BANCO MUNDIAL! A FAG VEM DENUNCIANDO O CRIME DE VENDE-PÁTRIA DESSA CAMARILHA DESDE QUE COMEÇARAM AS NEGOCIAÇÕES DESSE ABSURDO. POUCAS VOZES SE LEVANTARAM NO RO GRANDE E A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, INCLUINDO A OPOSIÇÃO PETISTA, VOTOU POR UNANIMIDADE A ASSINATURA DESSE ABSURDO. VOTARAM SEM VER O CONTRATO E POUCOS GRITARAM. É POR ISSO QUE YEDA CRUSIUS ATACOU A FAG! PORQUE ELA ATACA A VERDADE ESCONDIDA SOB O MANTO DA MENTIRA DO SEGREDO ENTRE AMIGOS. É POR ISSO QUE A CHAMAMOS DE RESPONSÁVEL PELO ACORDO ENTREGUISTA JUNTO AO BANCO MUNDIAL E TAMBÉM É RESPONSÁVEL, JUNTO COM O COMANDO DA BRIGADA, DO ASSASSINATO DO COLONO SEM-TERRA ELTOM BRUM DA SILVA. ESTA FOI A RAZÃO DE YEDA MANDAR A CIVIL, ATUANDO COMO POLÍCIA POLÍTICA, ATACAR A NOSSA SEDE E LEVAR O QUE O MANDADO PERMITIA E TAMBÉM O QUE NÃO PERMITIA. BASTA!

PARA LOGO ESTAREMOS MAIS UMA VEZ DIALOGANDO COM AS FORÇAS DA ESQUERDA SINCERA E MILITANTE DO RS PARA REAGIRMOS, DE FORMA PÚBLICA E VEEMENTE, A MAIS ESTE DESMANDO E ABSURDO. É HORA DE AGLUTINAR FORÇAS E FAZER REVIVER ELTOM BRUM EM NOSSAS LUTAS! PORQUE NUNCA ESTÁ MORTO QUEM PELEIA!

SOLIDARIAMENTE, FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA

WWW.VERMELHOENEGRO.ORG/FAG

NOVO EMAIL PARA CONTATO: fag.solidariedade@gmail.com

terça-feira, 15 de setembro de 2009

[Ciclo de Debates] Poder Popular x Estado


Poder Popular x Estado:
perspectiva anarquista de transformação social

25/09 às 16h
Ufal - Bloco 13

terça-feira, 12 de maio de 2009

[Teoria/Formação] Links para cartilhas

Os links abaixo são para baixar materiais teórico-políticos produzidos e/ou editado por nós. Alguns dos materias podem ser encontrados neste próprio sitio. Eles são distribuídos no formato de cartilhas.

Revolução Russa - o poder dos sovietes contra o estatismo (CAZP)

Declaração de Princípios e textos de referência (CAZP)

Anarquismo e Teoria: reconstruindo trajetórias, discutindo referenciais

sábado, 25 de abril de 2009

[BOLETIM] A receita do Banco Mundial para a crise em Alagoas

A receita do Banco Mundial para a crise em Alagoas

Todos sabem que vivemos um período de crise econômica, onde economistas do mundo todo se descabelam tentando entender “o que é que deu errado nas contas”, com a elite política e econômica de todo mundo reunindo-se e debatendo “soluções para a crise”.

Junto a esse embaraço, a cobertura da mídia, buscando, antes de tudo, gerar a blindagem ideológica aos pilares do capitalismo, ao mesmo tempo empurra as idéias de que a flexibilização de direitos, as demissões de trabalhadores e o congelamento de salários dos servidores públicos, são as saídas. Sem contar nos verdadeiros assaltos aos cofres públicos para cobrir rombos privados.

A importância da resposta dos trabalhadores e todos os setores oprimidos deve tomar uma amplitude para além das saudações de ruína dos inimigos de classe e da afirmação de uma alternativa socialista como acessório de discurso. É preciso estar atento às movimentações do inimigo de classe, mas ao mesmo tempo em que se dá continuidade às movimentações de base, de maneira a criar resistência e elementos de organização e combate político do povo organizado. E sim, nunca é demais dizer: por fora de cálculos eleitorais!


Alagoas na crise financeira: uma redundância?

Como um grupo político fincado em solo alagoano, queremos dedicar espaço para discutir o tratamento da crise em Alagoas. E sabemos que se “crise” nunca foi novidade na história do capitalismo, em Alagoas então, todos já estão bem acostumados em ouvir sobre o tema.

A crise econômica em Alagoas vira redundância, pois estamos falando de uma região na qual a dependência de verba federal sempre foi a tônica. Além do que, o estado ainda é fortemente marcado por uma baixa diversificação de suas atividades econômicas, se destacando em áreas como o turismo e produtos para exportações, onde estas se concentram no setor sucroalcooleiro – os quais, diga-se, quando não estão em crise, a inventam para arrancar benefícios.

No final de março, o governador Teotônio Vilela concedeu uma entrevista coletiva para explanar sobre suas medidas e ventilar otimismo, seguindo a tendência de todos os governantes mesmo a realidade não dando muitos elementos para tal. Como pano de fundo, tem-se as gradativas reduções postas pelo governo federal das cotas do Fundo de Participação dos Estados e dos Municípios (FPE e FPM)). Sem contar nas incertezas geradas das verbas programadas com o PAC onde delas dependem obras capitais para o governo estadual, inclusive em seus interesses eleitorais, como a do canal do sertão.

A receita usada pelo governo estadual - e amplamente anunciada - é a contenção de despesas com a “máquina pública”. No paralelo, a abertura e a busca de atração de investimentos privados. Mas de onde veio essa receita, com cheiro e textura neoliberal?


O Banco Mundial dita as regras e “cede” empréstimo

O dono da receita contra a crise em Alagoas é o Banco Mundial. Desde o fim de 2007 o governo estadual se reúne com o Tesouro Nacional da União e o Banco Mundial para discutir a dívida pública do Estado e fazer ajustes fiscais. Na época a pauta era a reestruturação da dívida com a União, que chega hoje aos 7 bilhões.

Hoje a discussão de reestruturação da dívida está suspensa, mas não a presença e influência do Banco Mundial e organismos internacionais. Na verdade, mudaram-se as propostas e a pauta agora vira a concessão de empréstimo do Banco Mundial ao Estado de Alagoas na ordem de R$ 430 milhões, prevista para até o fim do semestre. O fato é demonstrativo para entender a sintonia entre as partes na definição de modelos de gestão pública e a orientação das políticas econômicas e sociais em Alagoas. Aliás, o cumprimento rigoroso dessas metas é a condição do empréstimo.

Entre um dos principais pontos está o que eles chamam de “medidas administrativas”, mas que na verdade se direcionam aos trabalhadores do serviço público e o próprio funcionamento dos serviços. As principais orientações do Banco Mundial tem sido para estes, com a já conhecida entrega dos serviços públicos para o setor privado e as consequências de flexibilizações de direitos trabalhistas.

O constante discurso do governo de que não irá congelar salários, de que tem concedido vários reajustes, é a jogada para tentar se esquivar do latente caos que tem passado setores com a saúde e a educação em Alagoas. E as “receitas” e soluções buscadas, são as já conhecidas há décadas: precarização, flexibilização trabalhista e privatização de serviços.

BOLETIM CAZP, abril 2009.

[BOLETIM] A situação precária da saúde em Alagoas e a proposta privatizante

Situação precária da saúde em Alagoas e a proposta privatizante

Em meio à crise financeira internacional e à redução das verbas federais para estados e municípios, encontramos Alagoas em uma situação extremamente delicada na área da saúde. E, embora esse não seja um fato que ocorre apenas na nossa terra, aqui alcança contornos dramáticos, já que somos o Estado com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

O governo estadual e os governos municipais aproveitam-se do pânico gerado pela crise para atacar os direitos conquistados e negar-se a ceder aumento salarial aos servidores da saúde que já se encontram com salários defasados. Ao mesmo tempo, médicos pedem demissão na Santa Mônica, principal maternidade pública do Estado.

Além das reivindicações salariais e outros direitos justamente reivindicados pelos trabalhadores, temos uma carência de funcionários no quadro, além de falta constante de materiais básicos para o atendimento da população e superlotação de hospitais, principalmente em serviços de emergência. A situação também acontece em diversos municípios alagoanos, onde a precarização na contratação de funcionários é regra.


Organizações Sociais, Fundações Estatais de Direito Privado...
diferentes nomes para um mesmo projeto neoliberal

Ao mesmo tempo, o governo estadual vem divulgando a proposta de entregar as administrações de diversos hospitais para organizações sociais, o que já ocorre em outros estados da federação. Tal medida se baseia na administração desses equipamentos públicos pela modalidade do direito privado. O governo venderia a idéia de que seria a solução para os problemas enfrentados e permitiria a contratação de servidores via CLT (e não mais pelo regime jurídico único), acabando a estabilidade dos servidores.

Ao entregar os hospitais para tais organizações sociais, estaríamos entrando na lógica do mercado, regulada pelo direito privado, cujo objetivo é o lucro e não as necessidades da população. Se determinado serviço for causar prejuízo, ele correria sérios riscos de não existir mais, deixando a população totalmente desassistida.

Tudo isso faz parte de um processo maior, que viria a ser concretizado com a regulamentação das Fundações Estatais de Direito Privado. O Projeto de Lei que trata dessa questão está atualmente aguardando votação no senado e se estenderia para outras áreas sociais como educação, cultura e esportes. Viria a regularizar esse tipo de modalidade de administração dos serviços públicos, que seriam entregues para grupos organizados em torno das fundações com a desculpa de melhor administração empresarial.

Todos os processos já iniciados em Estados como Rio de Janeiro, Sergipe e Bahia seriam regularizados como fundações e, muito provavelmente, a proposta do governo de Alagoas evoluiria no molde do projeto das fundações, já que, em alguns cantos do Brasil o que era Organização Social está sendo substituído pelo projeto das Fundações. A proposta a ser votada no senado permitiria sua utilização nos hospitais federais (incluindo os HUs), além de subsidiar as propostas já implantadas nos estados via lei estadual.


“Nossa luta é todo dia... saúde não se negocia!”


O SUS foi uma conquista da sociedade organizada em seus diversos movimentos sociais que pressionaram na criação de um serviço público, embora o mesmo nunca tenha funcionado como o proposto desde os anos 80, tendo diversos problemas por todo país. A solução via fundações apresentada passa a ser mais um duro golpe desse projeto neoliberal implementado no país por FHC e desenvolvido de forma mais profunda no governo Lula.

Os movimentos sociais tem outras propostas para área da saúde que não são levadas em conta pelos governantes tal como foram concebidas. Um exemplo disso seria a regularização da emenda constitucional 29, que estabeleceria valores mínimos para serem aplicados na saúde por cada esfera de governo. Esses valores seriam reajustados pelo PIB, sempre para cima. Até hoje, não foi aprovada da forma como proposta, pois isso significaria para os governos comprometer parte do orçamento destinado a pagar as dívidas, principalmente a interna, repassando o dinheiro da população para a mão dos banqueiros.

Outra solução, a nível local, seria a redução das enormes despesas do poder legislativo e judiciário para serem destinados para áreas sociais. O governo se esquiva dizendo que não compete ao executivo e joga a decisão para a assembléia controlada pelo sindicato do crime há décadas. Sem falar em mais de 80 milhões que Alagoas deixou de conseguir por falta de projetos governamentais.

Da mesma forma que o projeto do SUS só foi aprovado por meio de um poderoso processo de pressão social que disputou as propostas para saúde com empresários donos de hospitais, indústria farmacêutica e outros representantes dos patrões; não podemos conseguir que nossos problemas sejam resolvidos sem a articulação do povo. No caso da saúde, é fundamental a aliança entre os trabalhadores da área e os usuários a fim de termos êxito frente a nossas propostas.

BOLETIM CAZP, abril 2009.

[Ciclo de Debates] Os crimes dos ricos, a crise do povo


CICLO DE DEBATES ANARQUISTAS
"OS CRIMES DOS RICOS, A CRISE DO POVO"
29/04 ÀS 17:30H - Bloco 13 (Ufal)

sexta-feira, 6 de março de 2009

[FAO] Declaração final do VI Encontro Nacional

Declaração final do VI Encontro Nacional do Fórum do Anarquismo Organizado

Entre os dias 19 e 25 de fevereiro de 2009, as Organizações que compõem o Fórum do Anarquismo Organizado (FAO) estiveram reunidas em Porto Alegre para a realização do VI encontro nacional. Além da troca de experiências e dos acordos políticos firmados entre as organizações, o encontro serviu para pensarmos a política de relações em um cenário nacional onde surgem e se fortalecem grupos e organizações anarquistas além do FAO, com concepções e práticas políticas similares. Com esses estamos dispostos a nos relacionar, no intuito de avançarmos num projeto militante para a realidade brasileira com todos os afins. O encontro serviu também para atualizarmos a análise de conjuntura, estabelecendo as linhas gerais para este ano que se inicia.


Um mundo em crise que joga com as representações

Este ano de 2009 inicia expondo as representações de um mundo em crise. No topo está o forte apelo simbólico que vem do terreno do império com o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. Barack Obama, no estilo norte-americano, é a carta da vez num cenário das Américas que é mexido pelo jogo das representações, do presidente que era operário e ex-sindicalista, dos presidentes ex-guerrilheiros e do negro que chegou ao poder. Mas a política estadunidense não deixa muito espaço para surpresas. Democratas e republicanos são duas facções de um mesmo negócio, conforme nos avisa Noam Chomsky.

No mesmo jogo das representações, como é falso e mentiroso o discurso da crise que nos querem empurrar. Como foi cínica a doutrina econômica liberal que dominou nas últimas décadas, que usa da linguagem do mercado como dado natural, como ente superior que nenhuma outra vontade pode opor. E que ridículo é chegar nesta altura do processo com o poder econômico tão necessitado de Estado, de socorro pago com fundos públicos. Quando na verdade, o sistema torna a acomodar suas estruturas de poder evidenciando a interdependência dos seus elementos de produção e reprodução.

Na Europa mais pobre, a Grécia, simbólico “berço da democracia”, é colocada em cheque pela força da rebeldia do povo grego, sempre pronto a dar batalha, disparar rajadas libertárias de luta contra o poder dominante para abrir caminhos de justiça e liberdade. Um jovem anarquista é o mártir de uma causa que se levanta em defesa dos setores imigrantes que povoam o velho mundo atrás do que lhes foram tomados pela dominação colonial-imperialista nos seus povos de origem. Deste pavio curto se incendeiam os estudantes e a classe operária contra a Europa do Capital e a crise social que se instala em suas margens.

No Oriente Médio, o holocausto agora é promovido pelo Estado de Israel que imita a política dos algozes que massacram o povo judeu. O fogo da destruição é lançado sobre as ânsias palestinas de autodeterminação. Nesse momento, tomar a causa palestina é escolher os oprimidos contra os opressores do direito de um povo de fazer seu destino com as próprias vontades.

Também faz parte do jogo de representações o tema da integração regional no continente americano. Entre as propostas, está a Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA) envolvendo diversos organismos internacionais, a exemplo do Banco Mundial, em parceria com os Estados Nacionais do sul do continente. O Plano IIRSA, no entanto, representa a integração do capital, favorece exclusivamente as transnacionais e reforça o papel sub-imperialista que o Brasil exerce no continente. O Plano de Aceleração do Crescimento é a contribuição brasileira no cumprimento do IIRSA, investindo em infra-estrutura que vem acompanhada da corrupção e desvio de recursos públicos, devastando as florestas tropicais e populações indígenas, quilombolas, ribeirinhos e agricultores familiares e camponeses que sofrerão diretamente o impacto das obras programadas. Entre outros impactos está a valorização das terras dos latifúndios, em que os improdutivos passarão a valer moeda corrente no mercado de capitais.

Tratando-se da América Latina, numa proposta abaixo e à esquerda, a alternativa que defendemos está numa proposta de integração dos povos latino-americanos baseada na solidariedade e na independência de classe, enfrentando o capital e fortalecendo o Poder Popular por fora da institucionalidade dos Estados Nacionais. Isso significa que os impasses políticos atravessados pelos governos com vernizes nacionalistas, conseqüência de um processo de acúmulo das lutas populares, só serão resolvidos além das possibilidades legais.

Nesse sentido do tão citado jogo das representações, reforçamos a importância da luta ideológica, pois é a partir do poder das idéias que se pode mobilizar os corações e as razões, articulando-as coletivamente em uma expressão de resistência e de avanço na medida em que convoca distintos sujeitos sociais e os converte em agentes capazes de reescrever a história e conceber um novo mundo.


O avanço da ideologia conservadora e o Estado brasileiro propagador da violência

Uma das caracterísitcas bastante marcantes do capitalismo em sua etapa neoliberal é a militarização. Ela está presente não somente nos conflitos levados a cabo pelo império estadounidense, mas também tem se manifestado cada vez mais na política do Estado brasileiro de propagar a violência. Na política externa, o Haiti sangra nesses cinco anos de ocupação militar das tropas brasileiras que cumprem o papel sub-imperialista no continente, legitimando, inclusive, a exploração dos haitianos por transnacionais dos Estados Unidos.

No Brasil, a política de extermínio do Estado contabiliza 50 mil mortes por ano, ou seja, mais de 100 por dia, segundo os dados oficiais, como resultado de tiroteios e confrontos com a polícia. Acompanhada do extermínio e da repressão está a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, ou seja, uma nova roupagem para as ideologias conservadoras que pareciam derrotadas historicamente. O próprio aparelho repressor assume com orgulho diferentes denominações, a exemplo dos termos “inseticida” utilizado no Rio de Janeiro, e “lixeiro social” atribuído à Brigada Militar no Rio Grande do Sul.

Completados mais de 40 anos desde o início da ditadura militar e do posterior Ato Institucional nº 5, esse período que recrutou os piores elementos das forças policiais para atuarem em conjunto com as Forças Armadas na repressão política, temos como herança a prática de uma democracia de mercado especializada em torturar e matar aos civis.

O problema da violência policial deve ser analisado além da lógica reformista, ou seja, não é apenas um fenômeno de conjuntura. Isso significa que a solução não passa por humanizar uma instituição que é essencialmente repressora, tampouco acreditamos que isso seja possível, pois perderia a própria razão de ser. Menos ainda podemos considerar um agente do aparato repressivo como companheiro, conforme setores da esquerda muitas vezes insistem em afirmar. O Estado monopoliza o exercício da violência que chama “legal”. Se em uma manifestação, em uma “desordem” qualquer, um policial mata uma pessoa, se diz que ele procedeu defendendo a ordem. Se um policial é morto, quem o matou vai para a cadeia, pois é um assassino.

No espaço urbano, a concorrência das cidades para sediarem a Copa do Mundo de 2014 utilizam-se da mesma lógica de criminalização da pobreza para justificar as políticas higienistas e de exclusão que seguem em curso, marginalizando os pobres que hoje circulam nos centros urbanos. Desse modo, organizar os setores pobres e marginalizados na luta pelo direito à cidade é uma tarefa fundamental para dar resistência às mudanças estruturais em curso nas cidades brasileiras e defender a dignidade contra o projeto de exclusão do inimigo de classe.

No campo, o MST é o principal alvo entre os movimentos sociais da campanha de criminalização dos lutadores e lutadoras do povo. Os recentes acontecimentos ocorridos durante o carnaval em que sem-terra agiram em legítima defesa tombando quatro seguranças do latifúndio para evitar um massacre em Pernambuco, foram suficientes para insuflar o ódio das elites contra a luta pela terra. Tal fato fez com que presidente do Supremo Tribunal Federal - STF, Gilmar Mendes, apoiado pelos Presidentes do Senado Federal, e da Câmara dos Deputados, fizessem declarações contrárias ao MST, defendendo o fim do repasse de recursos as entidades ligadas ao movimento. Mais uma vez a justiça burguesa manifesta a sua parcialidade em prol dos de cima, pois esses fatos ocorrem exatamente quatro anos após a não condenação do fazendeiro acusado de matar a missionária Doroty Stang em Anapu (PA) O mandante do crime, fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido pela Justiça do Pará no ano passado. Sem falar nos mais de 1500 assassinatos de trabalhadores rurais ocorridos nos últimos vinte anos que seguem impunes.

As tentativas de acabar com o MST ganham maiores proporções no sul do Brasil, a partir do relatório apresentado pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul que condena o movimento à ilegalidade. Essa medida vem no sentido de justificar as ações repressivas comandadas pela Brigada Militar desde que Yeda assumiu o Governo. Neste ano de 2009, as medidas previstas no relatório começam a ser implementadas com o fim das escolas itinerantes.

Enquanto anarquistas, nossa modesta força militante está solidária. O MST e a luta sem tréguas por reforma agrária é uma causa de todos e todas que peleiam um mundo novo sem pedir licença. Reorganizar o sindicalismo classista pela base, dar expressão de luta aos pobres da cidade e empoderar a voz das comunidades são as tarefas da hora, destes tempos difíceis, em que a melhor solidariedade se faz lutando para barrar o avanço do inimigo e superar o reformismo dentro do movimento de massas.


A crise financeira dos Estados fiados no Banco Mundial

Na última declaração do Encontro Nacional do FAO, em novembro de 2007, colocávamos que o tema da crise financeira dos Estados brasileiros tem sua origem na centralização dos recursos em Brasília; precisamente no Comitê de Política Econômica e Monetária que controla mais de 60% de tudo o que se arrecada no país para garantir o pagamento dos juros da dívida pública (externa e interna) e superar a cada ano as metas traçadas pelo FMI e Banco Mundial. Nesse contexto, na tentativa de sair da crise, os Estados tem recorrido a empréstimos com o Banco Mundial, assinando contratos de longo prazo e indo ao encontro da estratégia declarada em 2008 por esse organismo multilateral: “Nos próximos quatro anos 80% dos investimentos serão realizados a partir de parceria com os governos estaduais, que precisa se modernizar e, para isso, receberão nosso apoio financeiro, de recursos humanos e de prestígio” - John Briscoe, diretor do Banco Mundial no Brasil.

A estratégia neoliberal planejada pelo Banco Mundial não escolhe lugar, assentando-se sobre boa parte do território brasileiro. No nordeste, o governo do pedetista Jackson Lago que desbancou 40 anos de oligarquia Sarney passa a assumir décadas sob as recomendações do Banco Mundial para investimentos em infra-estrutura, algo indispensável para o desenvolvimento, principalmente, das indústrias de papel e celulose. Em Alagoas, o projeto das fundações que atacam a saúde pública e a manutenção do incentivo a monocultura da cana fazem parte do contrato de venda do Estado a esse organismo internacional. No sudeste e sul do país, Minas Gerais e Rio Grande do Sul tem o seu futuro vendido ao banco, e, entre as conseqüências hoje sentidas estão a aplicação do chamado choque de gestão, a implementação de reformas no setor público arrochando o salário do funcionalismo e abrindo caminho para o setor privado e a expansão das transnacionais do eucalipto. No centro-oeste temos o exemplo do Mato Grosso que recebe um aporte cada vez maior de recursos para a expansão do agronegócio, tendo em Blairo Maggi um agente que concentra os poderes político e econômico.

Desse modo, presenciamos um vínculo cada vez maior dos Estados brasileiros com o Banco Mundial e vemos que o nosso futuro passa a ser traçado por esse organismo. Se existe alguma saída para as classes oprimidas, essa passa, em primeiro lugar pelo total repúdio à venda do nosso futuro e da nossa dignidade a esse banco que antende exclusivamente aos interesses das elites locais e do capital transnacional. Acompanhado a isso, uma saída para crise financeira dos Estados seria declarar a moratória da dívida brasileira e os estados não pagarem a dívida com a União.


A crise provocada pelo cassino financeiro global

Diversas análises e interpretações tem sido produzidas acerca da crise que está em curso e que e tem se agravado desde o final do ano passado. Enquanto anarquistas, fazemos uma leitura não dogmática ou distante de uma análise que pretensamente se diz “científica”, ou seja, procuramos entender com lucidez a origem dessa crise para, da mesma maneira, propor com igual lucidez a alternativa que as classes oprimidas tem diante desse cenário.

Mais precisamente, nos meses de setembro e outubro de 2008, o mundo globalizado viu o que talvez represente o final de uma etapa de financeirização do neoliberalismo. O socorro se deu como sempre, através do instrumento de concertação de classe, quando elites dirigentes e a classe dominante executaram as suas políticas. O Estado Capitalista, através dos governos das economias de ponta, entraram em acordo para tampar o rombo feito pelo cassino financeiro. Trata-se da maior incorporação de riqueza coletiva em mãos privadas da história da humanidade.

Portanto, não se trata de uma crise com origem na superprodução, tampouco representa o que alguns mais dogmáticos colocam como “A vitória da teoria revolucionária marxista”. Menos ainda de que a crise e as conseqüentes demissões e retiradas de direitos que estão em andamento representarão um reascenso na luta de massas, como se funcionasse a lógica do “quanto pior melhor”. O sistema capitalista não é auto-destrutivo, pelo contrário, é surtido de complexos instrumentos de dominação que atuam em distintos níveis interdependentes (político, econômico e ideológico), disciplinando os sujeitos sociais para perpetuar esse domínio.

Diante dessa conjuntura de crise, alguns setores do movimento sindical defendem que para dar resistência e promover o reascenso da luta de massas seria importante a conformação de uma nova central sindical, visto que a CUT está completamente burocratizada e cumpre um papel oposto de conciliação com os patrões e os governos. Porém, entendemos que a alternativa não passa pela criação de uma nova central sindical, levando em consideração o grau de fragmentação e desmobilização em que se encontra a classe trabalhadora.

Aqueles que neste momento tentam justificar a possibilidade de reascenso da luta de massas somente a partir da conformação de uma nova central sindical estão duplamente equivocados. Primeiro porque visualizam erroneamente o poder na estrutura quando na verdade ele está nos sujeitos, ou seja, na capacidade de mobilização dos trabalhadores. A conseqüência dessa maneira de conceber o poder reproduz o centralismo e levaria à rápida burocratização do movimento sindical, o que seria uma repetição em menor tempo e escala da trajetória da CUT. Em segundo lugar, a dita urgência em conformar uma central sindical atende ao canto da sereia do governo com seu projeto de liberação de recursos para as centrais sindicais, e ser conveniente com isso é por si só uma contradição.

A tarefa fundamental para esta etapa é reconstruir o movimento sindical desde a sua base a partir da organização pelo local de trabalho. Desse modo, a consciência de classe se forma na ação cotidiana, no convívio, na solidariedade, no boicote, na paralisação, no enfrentamento com o patrão. Isso é fruto do trabalho militante junto classe na mesma condição de trabalhador e não algo que se produz automaticamente ou de fora para dentro.

A unidade, por sua vez, deve se dar na luta, na ação direta, forjando práticas políticas comuns e rompendo com a cultura que afasta cada vez mais os trabalhadores da organização sindical, como a falta de critérios no que se refere a militantes liberados, pra citar como exemplo. Somente assim que os trabalhadores vão ter como referente a organização sindical e essa fortalecida será capaz de oferecer resistência aos ataques dos governos e dos patrões diante da crise que segue seu curso.


Por uma estratégia de longo prazo por fora dos cálculos eleitorais

Estamos no ano da véspera das eleições presidenciais e estaduais de 2010 e a maior parte da esquerda começa a planificar suas ações tomando como marcos fundamentais dois elementos: o primeiro deles é a crise e os efeitos que ela irá produzir, e o segundo são as próprias eleições do próximo ano.

Primeiramente, pontuamos a crítica a uma parcela dessa esquerda que defende o conceito de vanguarda, pouco importando a essas o grau de desenvolvimento da auto-organização e da autogestão de instâncias populares. A esses não se trata, no fundo, de criar um povo forte, mas um partido forte. Esse é um reducionismo político total, filho, por outra parte de toda uma concepção geral reducionista. A conseqüência prática dessa concepção é a disputa por aparelhos, a exemplo daqueles que defendem a construção de uma nova central sindical em virtude de pretensões eleitorais, conforme demarcamos a crítica anteriormente.

No ano que antecede as eleições, esse mesmo PT operador das políticas neoliberais tenta posar de esquerda, dando holofotes a ex-guerrilheira Dilma e projetando-a para a corrida eleitoral do próximo ano. De certa forma, a aparição de Lula no Fórum Social Mundial, a retórica do próprio partido dizendo se opor ao neoliberalismo e a postura do ministro Tarso Genro no caso Battisti são manifestações que tem muito mais representação simbólica do que um sinal de volta às origens. Essas e outras medidas reforçam os vínculos do campo de esquerda reformista com o atual governo de turno. Esquerda essa que acaba sempre recuando e se agarrando na institucionalidade nos momentos de ofensiva das elites no atual contexto de criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

Enquanto esquerda de intenção revolucionária, entendemos que o central nesse debate é o tema da estratégia. Em primeiro lugar, um olhar nesse perspectiva significa assumir que é um completo reducionismo político crer que se podem operar mudanças de fundo a partir da democracia burguesa. Tampouco mudanças significativas poderão ocorrer a curto prazo. Se tomarmos como dado de análise veremos que o inimigo de classe possui uma estratégia muito bem clara e definida, a curto, médio e longo prazo. Seja na escala regional, a exemplo da estratégia que o Banco Mundial tem para cada fração do território brasileiro, ou em nível nacional, continental e global como a estratégia dos demais organismos internacionais, das transnacionais e dos países imperialistas.

Em segundo lugar, o projeto que defendemos é uma estratégia de Poder Popular que fortaleça as organizações populares para dar confronto à estratégia do inimigo de classe, numa construção que não se corrompe pela institucionalidade burguesa. Nesse processo, os sujeitos são todos os setores que compõem as classes oprimidas, sem menosprezar ou supervalorizar determinado setor de classe. Mesmo porque, os principais sujeitos que protagonizaram as lutas que impuseram algumas derrotas ao neoliberalismo na América Latina, foram justamente indígenas, camponeses, desempregados e precarizados.

Dessa maneira, para produzirmos transformações de fundo nesse país a nossa campanha deve ser outra. É uma caminhada longa, onde as mudanças muitas vezes são lentas e onde devemos pensar uma proposta de poder para o país compreedendo a suas especificidades. Não nos servem as teorias prontas, pois elas sequer se encaixam na realidade. Enquanto anarquistas organizados no FAO, nos colocamos no campo da esquerda revolucionária e entendemos que o caminho para se chegar ao socialismo não permite atalhos ou desvios, pois o socialismo será com liberdade ou não será.

Federação Anarquista Gaúcha - RS

Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares - AL

Rusga Libertária - MT

Vermelho e Negro – BA

Fórum do Anarquismo Organizado – FAO

Fevereiro 2009