terça-feira, 27 de abril de 2010

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Debates sobre lutas e conjunturas


Nos dias 1 e 2 de abril estaremos realizando no CEU-RUA (Pç. Sinimbu) a atividade "Debates sobre lutas e conjunturas", que contará com a presença de companheiros da BA, CE, PE, além de companheiros de Delmiro Gouveia (AL).

Haverá também no local a banca de livros da editora e cooperativa Faísca.

domingo, 7 de março de 2010

[CAZP] Alagoas e a contrução do Poder Popular

ALAGOAS E A CONSTRUÇÃO DO PODER POPULAR
Documento Teórico-Estratégico Anarquista
Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares
Março 2010

I. Apresentação

II. Formação sócio-espacial e elementos econômicos e políticos
a) colonização, povoamento e formação de Alagoas
b) a monocultura canavieira na economia alagoana
c) disputas intraclasse, controle do Estado e perfil político da elite alagoana

III. Luta, lutadores e oprimidos de nossa história
a) resistência indígena
b) palmares das alagoas
c) cabanada alagoana
d) movimento dos trabalhadores rurais
e) primeiros passos do movimento operário-urbano

IV. Pensando uma perspectiva e estratégia de Poder Popular desde Alagoas
a) o periférico e particular: desafio teórico, importância estratégica-prática
b) métodos de luta e a organização dos oprimidos –
a opção federalista e autogestionária do Poder Popular
c) conhecer o terreno da luta e resgatar nossa memória e rebeldia

V. Bibliografia

-X-

Para ler o documento, baixe o arquivo aqui. (novo link)

[CAZP 8 ANOS] Saudação

CAZP: 8 anos de História e de luta!

A vontade de aprofundar o conhecimento sobre anarquismo e a curiosidade referente à como pôr tais idéias em prática coletivamente, foram os motores na junção e permanência para algumas pessoas manterem-se reunidas em torno de uma mesma bandeira. Esses foram os passos iniciais em que se formou o Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP). Desde os primeiros momentos nos encontros, enfrentando as mais diversas adversidades, seja a falta de um lugar que garantisse a concentração e privacidade para as reuniões até a falta de um auxílio como referencial político-teórico-organizacional, a necessidade de intervirmos de forma modéstia, porém, como anarquistas, na luta de classes, sempre foi nosso objetivo e desafio. E lá se vão 8 anos de História e de luta! Trajetória formada com erros e acertos, algo típico de qualquer grupo com compromisso militante.

Foram, mais ou menos, 3 anos para começarmos a consolidar nossos princípios, práticas e responsabilidade coletiva, agora, como organização. O ano de 2005 é este marco. Foi neste ano que assinamos a Carta de Intenções do Fórum do Anarquismo Organizado (FAO) e, desde então, temos nos dedicado com afinco a esta construção. Esta, que se afirma baseada no federalismo, na ação direta e na solidariedade classista; estes que, são princípios e, como tal, inegociáveis. Desta forma, procuramos conhecer o nosso chão, com o objetivo permanente de fincar raízes, porém, em constante coordenação e sintonia com demais organizações anarquistas do Brasil e de nossa latino-america, onde a realidade nos é mais próxima.

Temos a convicção de que por mais longo que seja, com obstáculos e as mais diversas tentativas de vencimento pelo cansaço; estamos no caminho certo. A História já nos mostrou que a classe trabalhadora já optou por alternativas de se pegar atalhos e, estes, levaram-na a edificação Estados autoritários e centralistas. Certos de nossos princípios, respaldados por nossa memória e pelo total respeito a tantos de nós que tombaram lutando e acreditando em nossa ideologia, não poderia ser diferente: nós anarquistas continuamos negando tais atalhos. Buscamos a transformação radical da sociedade, não apenas no âmbito econômico, mas social, político, cultural, ético. Deste modo, sem um povo que seja forte, não conseguiremos vitória.

Acreditamos que a liberdade só pode ser construída e consolidada pela própria liberdade. Aqui fica explícito nosso total acordo com Bakunin, que já no século XIX afirmava esta premissa. E que, hoje, continua tão atual quanto ontem. Verborragia ácida, auto-proclamação ou formas autoritárias de organização não resultam em um povo forte, no máximo, pode resultar em uma boa propaganda de sua própria organização, não muito mais que isso. Portanto, afirmamos em nossa Declaração de Princípios que: "se a grande maioria de um movimento social não for protagonista de suas próprias lutas esse projeto não está com consistência e há muito ainda o que fazer". Tentamos dar uma pequena contribuição a nossa classe e a nossa ideologia com nossa militância comprometida e coordenada.

Este momento reflete parte de nosso acúmulo e estamos muito felizes por compartilharmos e nos confraternizarmos em comemoração a esses 8 anos, com companheiras e companheiros que, de alguma forma, fizeram e fazem parte dessa História. Reafirmamos a firmeza com nossos princípios, além de nossa responsabilidade coletiva e nosso compromisso militante em lutarmos pela construção do Poder Popular desde agora e a partir da terra de Palmares. Esse é apenas mais um passo, de fato, bem modesto, no entanto, assim como toda caminhada, outros passos virão. E assim devemos seguir rumo à liberdade. Anarquismo é luta!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

[CAZP 8 ANOS] Alagoas e a construção do Poder Popular


O Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP) completa agora em março 8 anos realizando debate, com lançamento de material e uma singela confraternização com comes e bebes.

Fazemos o convite a todos os companheiros e companheiras de luta. Aproveitando a data estaremos debatendo e lançando o documento "Alagoas e a construção do Poder Popular" sintetizando alguns debates a respeito da realidade alagoana, de nossos lutadores e de que maneira concebemos um processo de transformação social pensado desde a nossa realidade.

05/03 (sexta-feira) às 17h.
Local: Sintufal, no Centro.

Haverá também banca de livros da editora Faísca!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Recortes de Conjuntura, janeiro 2010.

Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares, Alagoas.


1. Internacional

a) O ano de 2009 foi marcado inicialmente por um “pânico mundial”, motivado pela crise econômica. No entanto, essa crise, ao que parece, não teve a repercussão que se imaginava. Tanto a classe dominante como a esquerda não souberam prever a extensão do que estava por vir. Todavia, a crise gerou a demissão de milhões de trabalhadores no mundo todo, principalmente no setor industrial e um socorro a instituições financeiras no valor de bilhões de dólares, com desculpa de não deixar a crise se propagar.

b) Evidente que passamos por um período de turbulência, mas não na mesma proporção do que se pensava. Banqueiros continuaram ganhando e provavelmente arrumaram um jeito de ganhar mais ainda com essa crise, sendo poucos os que realmente abriram falência ou coisa desse tipo. No caso do Brasil, temos como emblemático a questão da Embraer, antiga estatal, que demitiu milhares de trabalhadores, mas no fim do ano divulgou mais uma alta taxa de lucro com venda de novos aviões.

c) Pra quem serviu a crise? Até mesmo os países que demonstravam encolhimento econômico, já estão se recuperando. Certo é que a recuperação dos empregos não foi na mesma proporção das demissões (a nível mundial) e os recontratados perderam alguns benefícios que tinham antes. Os banqueiros que jogaram na ciranda Financeira a custa do trabalho do povo provocaram todo o início da crise, receberam a ajuda financeira e saíram ilesos. Não são considerados culpados pela crise e, principalmente, através da mídia nos introjetam um discurso de que não poderia ser diferente. Mesmo com os grandes capitalistas defendendo um controle mínimo do Estado em seus negócios, toda vez que as coisas escapam do seu controle lá está o Estado para injetar o dinheiro da população mundial em seus cofres.


d) O que de particular ocorre nessa crise e no cenário que já vem se desenhando antes mesmo dela ocorrer é uma maior importância dos países ditos emergentes, como o Brasil, China, Rússia, África do Sul, Índia, México, etc. Ou seja, os antigos membros de parte do que era chamado segundo e terceiro mundo. O crescimento econômico dessas nações não implica na melhoria, em termos significativos, do acesso material pela maioria da população desses países. Alguns países, como por exemplo a China, não deixaram de ter índices altos de crescimento mesmo no pior momento da crise. Mas a classe oprimida desses países continua oprimida e possui baixos índices de desenvolvimento humano.

e) Uma conjuntura particular vive a América Latina, onde vários países estão com governos com origem na esquerda tradicional do continente, alguns com uma postura de crítica e um certo embate contra a política internacional dos EUA e os organismos ligados a ele. Entre esses países temos a Venezuela, Bolívia e Equador. O problema é que isso significa um retrocesso de boa parte dos movimentos sociais que acabam girando em torno de uma lógica legalista para manter o poder que se empenharam tanto em conseguir. Alguns passaram literalmente para o lado de lá. Nos países como a Venezuela, o fato de a esquerda estar no poder significa a ilusão de mudanças em uma perspectiva por dentro do Estado. Mas não podemos desprezar a grande mobilização popular que ocorre nesses países, o que nos dá esperança na capacidade de mobilização do povo latino americano, que cada vez mais precisa acreditar em suas pernas e braços e menos nas instituições.

f) Como era de se esperar com a eleição de Obama, não se alterou a relação imperialista que a nação mais poderosa do mundo tem para com o restante da Humanidade. Mesmo sem ter feito nada de concreto em benefício da humanidade, ganhou o prêmio Nobel da paz e logo em seguida anunciou o envio de mais tropas pro Afeganistão. Os discursos são mais amenos, mas a atitude é na sua essência a mesma. Como por exemplo no caso do Golpe de Honduras, quando condenou publicamente o golpe, mas não fez nada para impedi-lo e suspeita-se que tenha trabalhado nos bastidores para garantir a deposição do antigo presidente. Não podemos esquecer que Honduras serviu de plataforma do governo ianque para neutralizar as guerrilhas na América central nos anos 70 e 80. Essas relações perduram até hoje, independente do presidente de turno. No capitalismo, as instituições são maiores do que as pessoas que estão a sua frente. Apesar da brava resistência da população contra o golpe, a direita conseguiu manter a deposição do antigo presidente até fazerem uma eleição forjada e colocar uma pessoa da sua confiança. O Brasil teve destaque em todo o processo por ter refugiado o ex-presidente na sua embaixada. Apesar de ter posição dura contra o golpe não pôde ir mais além dos limites impostos pela imprensa reacionária brasileira e não ferir interesses internacionais. A razão é que essa atitude poderia causar uma certa instabilidade na imagem que o Brasil vem construindo: a de governo de origem de esquerda, mas obediente e fiel aos ditames neo-liberais internacionais.

g) No final do ano tivemos uma semana de discussões na Dinamarca sobre o aquecimento global. Mais uma vez os países ricos (maiores poluidores) colocaram os lucros da classe dominante acima da saúde do planeta e colocaram em cheque a sobrevivência da humanidade. Isso no dá cada vez mais certeza da urgência da superação desse modelo que precisa poluir e desperdiçar para se reproduzir.

2. Nacional

h) A “crise” também teve repercussão no Brasil, que mesmo não tendo recessão econômica, teve que cortar alguns gastos em favor daqueles que especulam no mercado financeiro. O fundo de participação dos municípios foi cortado e atingiram os Estados mais pobres e que mais dependem deles, lesando diretamente inúmeros funcionários públicos e a população que depende de seu serviço. O que se gastou com ajuda aos banqueiros é maior que o aumento de recursos reivindicado pelos movimentos sociais da saúde para o setor via aprovação da EC 29.

i) O governo atravessou a crise mundial e ao escândalo do senado que envolvia um de seus maiores aliados (Sarney) com altos índices de popularidade. Aliás, com a maior popularidade que um presidente já teve na história do Brasil. Com a camada da população mais sofrida dependendo da bolsa família, pela simbologia que o populismo representa para o povo, o governo conseguiu sair da crise por cima, apesar do esforço de boa parte da imprensa reacionária.

j) Ter um governo “populista” com toda a carga histórica de esquerda que ele representa cria confusão e ainda deixa boa parte do movimento social imobilizado diante da cooptação frente as instituições estatais. Não há dúvidas que existem diferenças entre esse governo ou outro que poderia ser representado pelo PSDB, mas o eixo econômico neoliberal é o mesmo. Mesmo no tocante à repressão aos movimentos sociais, que seria mais forte em outros governos, percebe-se que o governo tem apoio de inúmeros MS, mas age com muito pouco empenho no que se refere, por exemplo, a violência no campo, pois possui em ministérios representantes da bancada ruralista. Esse fato serviu para imobilizar o avanço da “reforma agrária”.

k) Vemos o Brasil se encaminhar para as disputas eleitorais de 2010 sem que se tenha definido o nome da oposição que irá enfrentar a representante do atual governo. A certeza é que o eixo central estará mantido, o que mudará é o algoz do povo.

l) Certeza mesmo é que praticamente todos os agrupamentos da esquerda e os movimentos sociais que eles influenciam estarão voltados para as eleições ano que vem. Seja moderando o discurso e fazendo alianças com setores conservadores, sejam diminuindo as lutas e servindo de ridículos frente à população nacional.

m) O Brasil foi escolhido para sediar a copa e as olimpíadas. O dinheiro que será gasto nessa obras com certeza será, em sua maior parte, público. O mesmo dinheiro que sempre é negado no que se refere a reivindicações da saúde, meio ambiente, educação ou funcionalismo público.

n) Também devemos destacar que os lutadores e lutadoras do povo continuam se articulando para reverter essa conjuntura nos quatro cantos do Brasil. Essa luta travada diariamente encontra muitas resistências por parte do sistema opressor. Citamos aqui dois casos, envolvendo companheiros anarquistas. Um é a invasão da sede da Federação Anarquista Gaúcha por parte da polícia, que munida de mandatos judiciais, responderam duramente a uma campanha que a FAG fazia contra a política corrupta e assassina do governo do Rio Grande do Sul. Alguns companheiros sofreram indiciamento e vários materiais foram apreendidos. Outro é o assassinato do professor e anarquista Chrystian Paiva, que participou de várias mobilizações de sua categoria contra o governo estadual de Roraima, despertando a ira dos poderosos e sendo brutalmente assassinado pela polícia, a qual, de forma muito tosca, forjou um suicídio que foi vendido pela mídia. Apesar de tudo, nos mantemos de pé e caminhando e se estamos incomodando é porque estamos no caminho certo.

3. Estadual

o) Apesar de toda exposição pública que sofreram os deputados taturanas em decorrência de seu indiciamento pela polícia federal acerca do desvio de verbas da assembléia legislativa, eles conseguiram retornar para seus antigos cargos. E mesmo perdendo forças nas últimas eleições municipais, continuam vivos e influentes na vida pública. Devemos festejar a possibilidade de esses casos virem ao público com maior facilidade do que em outras épocas, não nos surpreendemos com a vagarosidade da justiça em julgar essa quadrilha e constatamos que ainda falta muito para que o povo possa passar da indignação para uma verdadeira ação nesse caso. Somente dessa forma, poderíamos colocar o poder desses parlamentares em perigo.

p) O governo estadual continua sua trajetória de um governo perfeitamente neoliberal, característica marcante de seu partido. Cortando gastos no governo e mesmo reduzindo a dívida do Estado de maneira considerada, não atendeu a qualquer negociação de vários movimentos dos servidores estaduais, deixou a situação da saúde e educação piorarem e cada vez mais entrega Alagoas ao Banco Mundial.

q) Alagoas vem liderando as taxas mais negativas do país, e o que tem causado maior repercussão são os índices de criminalidade. Se antes éramos conhecidos apenas pela violência política, agora estamos impregnados da violência urbana. Esse processo inicia na verdade no começo da década de 90 (a crise no setor dos usineiros) que levou milhares de pessoas incharem a periferia das grandes cidades (como Maceió e Arapiraca), em condições precárias de vida e que desemboca na explosão de violência que vivemos hoje.

r) As articulações políticas para o ano que vem nos trazem um cenário cômico numa perspectiva sádica. Um mesmo bloco pode agrupar desde setores tradicionais da esquerda que cada vez mais se vende (PT e PCdoB), aos aliados regionais de Lula, como Renan e Collor e um dos maiores representantes da burguesia estadual, que é João Lyra. Por mais que rumores falem que o bloco não sairá mais, a possibilidade concreta dele existir já é de causar vergonha para quem ainda acredita nesses partidos como alternativa de mudança.

s) Seja quem estiver no governo, a nossa esperança estará na possibilidade de luta. O povo alagoano, eternamente humilhado, terá que encontrar uma alternativa popular, se espelhando no seu passado de resistência cabana, caeté e quilombola.